A partir de 2025, a Sabesp encerrará os contratos que ofereciam descontos tarifários para grandes consumidores comerciais, como indústrias, hospitais, shoppings e hotéis. A medida, comunicada pela companhia, busca garantir isonomia e sustentabilidade dos serviços, alinhando as operações aos critérios estabelecidos após a privatização.
Os contratos afetados, conhecidos como contratos de demanda firme, ofereciam reduções na tarifa de água e esgoto para clientes que consumiam no mínimo 100 metros cúbicos mensais. No entanto, a Sabesp já iniciou o envio de notificações desde outubro de 2024, informando que, em 60 dias após a comunicação, os contratos serão rescindidos e os consumidores passarão a pagar a tarifa vigente para a classe de consumo correspondente.
De acordo com Lucas Souza, CEO da We Save, uma consultoria especializada em otimização de contas de água e esgoto, essa decisão deve impactar financeiramente os clientes. “Com a rescisão, as contas devem ter um aumento entre 60% e 200%. Essa mudança abrupta afeta significativamente setores essenciais, como hospitais, indústrias, supermercados, hotéis e shoppings”, alerta Lucas Souza.
Os contratos de demanda firme foram regulamentados pela Arsesp (Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de São Paulo), mas traziam uma cláusula de rescisão unilateral, agora aplicada pela Sabesp. “O consumidor nunca teve a chance de discutir essa cláusula e foi obrigado a aderir ao contrato para obter o benefício”, reforça Lucas Souza.
A Sabesp não informou o número exato de clientes afetados nem o valor médio dos descontos aplicados nos contratos vigentes. Contudo, o impacto financeiro gerado pela medida preocupa o setor hoteleiro, que depende de tarifas previsíveis para gerenciar custos e manter a competitividade. O aumento pode comprometer a saúde financeira de muitas empresas, especialmente aquelas que operam com margens apertadas.
Entidades do setor já discutem formas de mitigar os impactos e negociar condições mais favoráveis para seus associados. O Sindicato de Hotéis de São Paulo continuará acompanhando o caso e manterá seus associados informados sobre as próximas etapas e possíveis alternativas.